quarta-feira, abril 10, 2013

Brasileiro com muito orgulho e com muito amor?

Acho lindo e chego a me arrepiar quando vejo, principalmente em época de Copa do Mundo, os brasileiros unidos em uma só voz e em um só coro mostrando como sentem orgulho do país. Nessas horas esqueço os problemas, as corrupções, as notícias sangrentas dos jornais de cada dia e só penso em como somos privilegiados por morar nesse país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Que beleza! Que beleza?!

Hum, senta que lá vem polêmica!



Amo o nosso país. Em momento algum vou discordar sobre as belezas que aqui existem ou sobre a sorte que temos com a falta de desastres naturais - acho que já temos tantos desastres humanos, que não precisamos mais dos castigos da Mãe Natureza! O que não me convence, não me emociona e não me faz ser todos os dias brasileira com muito orgulho e com muito amor é a educação do nosso povo.

Somos simpáticos, calorosos, amigos e sabemos fazer carnaval como ninguém?! Sim! Somos bonitos, cheios de ginga, raça, graça? Sim! Mas também somos um povo egoísta, egocêntrico, cri-cri, que só pensa em si, em se dar bem e na boa e velha malandragem. Ah, mas esse é o jeitinho brasileiro! Não dá para ser totalmente perfeito, cada povo com sua falha, né?! Bom, discordo totalmente. Não acho que uma coisa deva compensar a outra! E acredito que já passou da hora de termos um pouquinho mais de educação.

Recebi no último final de semana amigos argentinos, apaixonados pela nossa terrinha. E qual foi a minha surpresa - melhor falar qual foi a minha vergonha, já que isso não me causa mais estranheza - quando eles comentaram meio sem entender: "Apenas cinco pessoas queriam entrar no metrô e ao invés de esperarem os de dentro do vagão saírem, ficavam se batendo na porta. Qual o motivo dessa atitude?" E então? O que responder? "Ah, é assim mesmo! Não tivemos aula de física e não aprendemos que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço." ou ainda "Ah, é porque gostamos do calor humano!". Não dá, né?! É uma vergonha! 

As pessoas não sabem esperar, querem entrar primeiro, chegar sempre antes. Nem que para isso precisem dar um empurrão em um velhinho, ou ficar amassado no tumulto do entrar e sair de uma porta, quase um MMA subterrâneo para poder - quem sabe?! - arrumar um último banquinho no vagão que mais parece uma lata de sardinha. Esperar o próximo? Sem chance! Reclamar, sempre! Pensar em alternativas ou em maneiras de fazer melhor, nunca! 

E não é só o metrô. É o ônibus que ninguém espera o próximo e prefere ir apertadinho, mesmo sem ter lugar para segurar. É a ultrapassagem pelo acostamento nos dias de engarrafamentos dos grandes feriadões. É a esperteza de ir pelo cantinho da barca para furar a fila da subida da escada de quem fez a coisa certa. É a pressa de sempre ser o primeiro, de nunca ceder seu lugar, de não saber mais dizer um muito obrigada e de nem mesmo conseguir fazer uma gentileza!

E ainda querem reclamar dos políticos?! Antes de pensar no maior, precisamos olhar o nosso umbigo e analisar, ver o que estamos fazendo para melhorar a nossa vida e das pessoas que estão ao nosso lado. Como bem disse o meu amigo, é fácil olhar para quem está lá na política e apontar a corrupção. Apontar o dedo e dizer "o Brasil está assim porque só tem ladrão no poder". Não é verdade! O Brasil está assim porque ninguém está disposto a olhar para o próximo, apenas para si. Você pode não estar sendo acusado de participar de um mensalão, de corrupção ou qualquer coisa do tipo, mas será que não é apenas por uma falta de oportunidade? 

Quando for usar a "malandragem", o "jeitinho brasileiro", lembre-se que não tem o menor direito de apontar o dedo para prefeito, governador, deputado ou presidente. Se o povo tivesse um pouco mais de educação e quisesse um país melhor, poderia começar sua mudança para conseguir mudar algo muito maior depois. Brasileiro com muito orgulho e com muito amor? Apenas quando convém, naqueles momentos em que ainda conseguimos viver uma paixão, abraçar o próximo em uma comemoração, em uma grande torcida ou vitória. 

Mas sinceramente, isso não me contenta e acho que precisamos de muito mais do que isso!