quarta-feira, maio 04, 2011

Quando vamos ficando velhos...

Tenho certeza que já aconteceu com muitas outras pessoas o que vive acontecendo comigo recentemente. Sempre que me perguntam: Quantos anos você tem? - E eu respondo 28, as pessoas abrem a boca em espanto, falam que não acreditam, costumam dizer que não imaginavam que eu tivesse mais do que 20, 21. Que bom! Também acho estranho estar chegando perto dos 30, tendo ainda amigas do primário, do ensino médio, do primeiro prédio que morei e de todos os outros. Talvez essa seja a fórmula da juventude.

Me sinto como se fosse Peter Pan, vivendo na Terra do Nunca. Os mesmos amigos de infância, as mesmas brincadeiras, as risadas e fococas e as conversas... E é legal ter sempre por perto esse mundo da juventude que parece nunca ter ido embora. 

O problema é que nem tudo que parece é. Realmente quando o trabalho nos deixa dar um tempo, podemos rever os amigos e tudo voltar a ser como era antes. Mas cada vez que os 30 anos se aproximam, esse tempo vai ficando mais e mais distante. São muitas agendas para poder acertar os horários e marcar uma viagem rápida para a Terra do Nunca.

Percebemos que o tempo está passando e que estamos ficando velhos quando vemos nossos amigos indo embora para outras cidades, estados, ou até mesmo países para trabalhar. Quando abrimos mão de uma conversa com os amigos e de uma cervejinha gelada, para ir à uma reunião com clientes. Quando achamos o primeiro, segundo, terceiro (e aí não para mais) fios de cabelo branco. E para emagrecer então? Nosso metabolismo vai ficando mais lento, preguiçoso... e com isso a barriga cresce e a gente não tem mais aquela forma linda da adolescência! Percebemos também que nossa vontade de casar, de ter a nossa casa, fica maior a cada dia. E é claro, também passamos a ter vontade de ser mãe.

É nesse momento que começamos a sentir uma certa nostalgia, uma vontade de arrumar as malas e voltar para a Terra do Nunca. Aquele lugar em que todos os amigos se encontram e não precisam mais ir para longe. Dá saudades das aulas na escola, da preocupação com o boletim, do play do prédio, das festas americanas e de todos os amores platônicos. Saudades da melhor amiga que sempre dormia na sua casa, ou você na casa dela. Das descobertas, das matinês e até mesmo de Carrossel, Chaves e Chapolim.

Quando a gente sente esse tipo de saudade, é quando percebemos que estamos ficando velhos e que o tempo não para nunca. Não para enquanto você trabalha, quando dorme, nem quando fica estressado. E a nostalgia é grande, porque sabíamos viver bem melhor quando éramos mais novos... Sabe por que? Porque a gente gostava de descomplicar tudo! Nada era verdadeiramente impossível de fazer e não nos importávamos com o que os outros iriam achar se fizéssemos isso ou aquilo. A vida era bem mais fácil.

Com os 30 anos, a gente se preocupa mais. O número de chatos e pessoas aborrecidas ao nosso redor, aumentam. O estresse cresce junto. Ser adulto é complicado.

Para tentar diminuir esse tictac do relógio do tempo e não ficar paranóica com a chegada dos meus trinta anos, decidi descomplicar as coisas, como fazia quando era mais nova. Afastar as pessoas chatas e pessimistas e não ficar tão preocupada com aquilo que ainda não tem solução. Com os amigos que vão para longe, escrever cartas no lugar dos e-mails. As cartas fazem as pessoas estarem mais próximas do que uma tela fria de computador. Um vinho depois de um dia cheio de decisões e um pôr-do-sol depois de madrugar para resolver problemas do trabalho. Simplificar, acho que é isso. 

"Então venha comigo, onde nascem os sonhos, e o tempo nunca é planejado. Basta pensar em coisas alegres, e seu coração vai voar nas asas, para sempre, na Never Never Land!" Peter Pan